quinta-feira, 15 de março de 2012

Quebrando tabus - 2° ato


2- Quem procura, acha.


É uma expressão mais elegante para "procurar pelo em ovo".

Há pouco mais de um ano atrás aprendi a nunca desprezar a minha intuição. Intuição? Não acredito muito nisso, mas é o termo que achei mais adequado para se referi ao que senti durante a situação que irei relatar à vocês. E isso tem até a ver com o post anterior.

      Vinha de um namoro de 3 anos mais ou menos com uma menina que julgava perfeita dentro dos requisitos que eu mais valorizo (considero-me exigente, diga-se de passagem) e dentro dos padrões atuais. Bonita, sociável, inteligente, demonstrava me respeitar, era carinhosa comigo, nunca foi de ficar com muitos caras, sempre se valorizou e me tratava muito bem. Só não compensava muito na cama, por ser inexperiente e por outros fatores externos que não convém citar. Sempre fui muito perspicaz. Digamos que eu seja manso por opção, procuro não passar a imagem de um cara esperto, de um cara sempre ligado pois diante de uma pessoa assim a cautela aumenta. E me comportei assim por 3 anos, nunca tive motivo pra me preocupar. Todo individuo que eu tomava conhecimento que estava a rodear o meu jardim, ela mesma cortava. Para não parecer alheio e descuidadoso, forçava um ciume vez ou outra. Coisas de mulher, elas precisam disso, enfim... Certo dia, por alguns desentendimentos e falhas de comunicação, deixei de ligar pra ela por 2 dias (não seguidos) e um dia ela deixou de ligar pra mim. É um daqueles mal estares que acontecem em um relacionamento e ninguém sabe dizer exatamente porquê. E desde sempre eu sabia de uma coisa, mulher trai por dois motivos:  falta de atenção ou vingança. Mas não imaginei que esse desentendimento fosse virar o que estou prestes a revelar.
      Passou uma semana e o clima de animosidade cessou e ficamos unidos de novo. Pra falar a verdade nunca tínhamos estado tão unidos como naquele momento, algo inusitado se for pensar que vinhamos de um desentendimento recente. E nesse dia, fomos à um evento, ficamos lá por algumas poucas horas e fomos direto para casa já que no dia seguinte ela iria fazer uma longa viagem logo pela manhã. Deixei ela em casa e logo em seguida fui direto rumo à minha, deitar eternamente em berço esplêndido. Como de costume, cheguei em casa e atirei todos os objetos que estavam no meu bolso em cima da cama: celular, a chave do carro e a carteira. Notei que havia algo ímpar ali, era o celular dela. Já havia acontecido isso outras vezes mas, movido pelo dito cujo "quem procura acha", sempre devolvia o aparelho à ela de imediato. No entanto, desta vez, ao me deparar com o celular, senti meu coração bater forte, minha mão ensaiara uma ligeira tremedeira, talvez, em função do despreparo que é se sentir encorajado a cometer uma atitude com risco de decepção. E isso se cumpriu, sem pensar em nada, com uma determinação dosada de apreensão, peguei o celular, já contrariado e abri a caixa de mensagens com um forte pressentimento de que, de fato, tinha pelo naquele ovo. Tive que olhar duas, três vezes pra acreditar. O que eu vi ali não vou reproduzir aqui para não comprometer a identidade de ninguém (inclusive a minha) mas o que eu posso garantir é que foi algo insinuante o suficiente pra que me causasse a convicção instantânea de que eu estava sendo traído. Até porque a mensagem fora enviada para uma pessoa que ela nunca havia mencionado o nome na minha presença. Liguei para ela, tentei ser natural e firmei a fala para que uma suposta alteração de humor transparecida na voz não viesse a  despertar a desconfiança dela de forma que ela pudesse ter tempo de formular uma desculpa convincente durante o caminho da casa dela até a minha. Não que eu fosse me deixar levar por alguma desculpa, mas eu queria desarma-la. Pedi que ela viesse buscar o celular, por gentileza, é claro. Quando ela chegou, com aquele sorriso quase indesmanchavel, joguei o celular dela no banco do carro e disse, confesso, tentando intimida-la: "Que porra é essa ai?" Dei esse direito de se explicar por pura ética. Já sabia que ela não encontraria palavras que justificasse o injustificável. Poderia muito bem ter dito que uma amiga usou seu celular para mandar mensagem para o namorado mas dois fatores conspiravam contra isso: primeiro, ela é amadora, o numero estava na agenda do celular seguido de nome. Segundo, desarmei-a.
      Ela então, não conseguiu conter o desespero e a surpresa na voz trêmula e no gaguejo ao dizer que o rapaz era primo dela (olha que anta, rs), deu explicações desconexas, pediu mil desculpas pela falta de noção, jurou de pé junto que não havia segundas intenções ali e o desfecho disso, obviamente, foi o término do namoro. Passada duas semanas ela começou a namorar o cara.  Foi estranho, não chorei, não fui dominado pela nostalgia pós namoro e minha vida seguiu normalmente. É claro que existia aquele lamento, aquele sentimento pesaroso, mas acho que quando a gente termina de cabeça erguida, sabendo que conduziu o namoro sempre de maneira digna, errando dentro das condições de ser humano, isto é, sem agir de má fé, a tristeza não consome o nosso ânimo e só acaba sobrando a decepção que passa a servir como experiência e não como angústia.

Resultado: Ela passou de uma pessoa extremamente tranquila, sistemática e conservadora à uma tola imatura e desesperada em uma atitude.

Usei essa historinha pessoal pra ilustrar o clichê que introduz o post. TODAS as pessoas do mundo, sem exceção, estão suscetíveis a serem enganadas, não existe anjo. E uma das peripécias do amor é fazer com que esqueçamos disso. Essa ideia de que "o que os olhos não veem o coração não sente" não é bem digerida por mim. Não me dou bem com conformismo e o que estiver dentro do meu alcance e compatível com os limites da lucidez, eu irei fazer pra que eu nunca esteja vulnerável a tal situação de novo. Se eu não tivesse olhado eu nunca teria descoberto a perfídia, mas a questão não é essa. O que importa pra mim, é ter de volta o respeito que eu exerço por uma questão de justiça moral. Ninguém é obrigado a ficar comigo, com você, com ninguém. Por isso, enquanto houver compromisso, a reciprocidade principalmente se tratando de respeito, é indispensável. E por garantia eu vou me certificar de que a minha dedicação amorosa à outrem esteja sendo devidamente correspondida sempre que eu tiver oportunidade.

Atenciosamente, Oráculo.

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