terça-feira, 20 de março de 2012

Quebrando tabus - 3° ato


3- As metades que se completam.

A metade da minha laranja, a tampa da minha panela, dois corações e uma só alma... você me faz sentir completa.

Patético.
Quantas vezes você já se deparou com declaração semelhante? Eu várias.
É muito comum esse tipo de manifestação amorosa. Mas, para clarear a minha linha de raciocínio, eu pergunto: Afinal,  o que vem a ser uma manifestação amorosa?
Nesse contexto, cabe dizer que manifestação amorosa é verbalizar sentimentos, externalizar o que se sente em relação à determinada pessoa.

Inclusive, olhando assim, parece ser algo comovente, olha que coisa bonita... alma, coração, metades que se completam... Entretando,  isso é apenas o eufemismo do atestado de medíocridade e insegurança que você acabou de assinar perante a sua parceira. Isso é música para os ouvidos dela. Agora ela sabe como você se sentiria caso terminassem (um humanóide vazio e sem rumo). E pasme, ela provavelmente usará isso contra você. E quando estiveres em um beco sem saida, vai se perguntar: onde foi que eu errei?

Duas meias laranjas fazem uma laranjada, uma tampa completa uma panela, mas duas metades, melhor, duas meias pessoas não fazem nada. Para um relacionamento dar certo, é preciso duas pessoas inteiras, isto é, duas pessoas dotadas de convicções e opiniões sólidas, duas pessoas firmes e de personalidade formada, em sínteze, dois amantes tenazes. É preciso não precisar. E "precisar" e "amar" são duas coisas diferentes, é plenamente possível amar sem precisar. Como? Estimando a si mesmo, aos próprios valores e príncipios mais do que estima-se a pessoa amada, independentemente de quem ela seja. Só cuidado para a relação não virar uma queda de braço, pessoas imponentes tendem a traçar conflitos de ideias a todo momento.

Então, meu amigo, é como diz aquele provérbio: Se quer cortar uma árvore na metade do tempo, gaste o dobro do tempo afiando o seu machado.
Vá cuidar de você, investir em você e se gostar o suficiente até estar preparado para gostar de outra pessoa. Sinceramente, não sei se é possivel atingir um nivel confiavel de amor próprio sem antes sofrer desilusão amorosa, pois no meu caso, foi pelo caminho mais difícil. Mas por favor, se quer optar pelo empirismo, ao menos exclua essa frase do seu vocabulário.

Atenciosamente, Oráculo.

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Companheiros e companheiras, desculpe o longo periodo sem posts, estive sem internet por um tempo mas já estou de volta.

terapiadooraculo@gmail.com

quinta-feira, 15 de março de 2012

Quebrando tabus - 2° ato


2- Quem procura, acha.


É uma expressão mais elegante para "procurar pelo em ovo".

Há pouco mais de um ano atrás aprendi a nunca desprezar a minha intuição. Intuição? Não acredito muito nisso, mas é o termo que achei mais adequado para se referi ao que senti durante a situação que irei relatar à vocês. E isso tem até a ver com o post anterior.

      Vinha de um namoro de 3 anos mais ou menos com uma menina que julgava perfeita dentro dos requisitos que eu mais valorizo (considero-me exigente, diga-se de passagem) e dentro dos padrões atuais. Bonita, sociável, inteligente, demonstrava me respeitar, era carinhosa comigo, nunca foi de ficar com muitos caras, sempre se valorizou e me tratava muito bem. Só não compensava muito na cama, por ser inexperiente e por outros fatores externos que não convém citar. Sempre fui muito perspicaz. Digamos que eu seja manso por opção, procuro não passar a imagem de um cara esperto, de um cara sempre ligado pois diante de uma pessoa assim a cautela aumenta. E me comportei assim por 3 anos, nunca tive motivo pra me preocupar. Todo individuo que eu tomava conhecimento que estava a rodear o meu jardim, ela mesma cortava. Para não parecer alheio e descuidadoso, forçava um ciume vez ou outra. Coisas de mulher, elas precisam disso, enfim... Certo dia, por alguns desentendimentos e falhas de comunicação, deixei de ligar pra ela por 2 dias (não seguidos) e um dia ela deixou de ligar pra mim. É um daqueles mal estares que acontecem em um relacionamento e ninguém sabe dizer exatamente porquê. E desde sempre eu sabia de uma coisa, mulher trai por dois motivos:  falta de atenção ou vingança. Mas não imaginei que esse desentendimento fosse virar o que estou prestes a revelar.
      Passou uma semana e o clima de animosidade cessou e ficamos unidos de novo. Pra falar a verdade nunca tínhamos estado tão unidos como naquele momento, algo inusitado se for pensar que vinhamos de um desentendimento recente. E nesse dia, fomos à um evento, ficamos lá por algumas poucas horas e fomos direto para casa já que no dia seguinte ela iria fazer uma longa viagem logo pela manhã. Deixei ela em casa e logo em seguida fui direto rumo à minha, deitar eternamente em berço esplêndido. Como de costume, cheguei em casa e atirei todos os objetos que estavam no meu bolso em cima da cama: celular, a chave do carro e a carteira. Notei que havia algo ímpar ali, era o celular dela. Já havia acontecido isso outras vezes mas, movido pelo dito cujo "quem procura acha", sempre devolvia o aparelho à ela de imediato. No entanto, desta vez, ao me deparar com o celular, senti meu coração bater forte, minha mão ensaiara uma ligeira tremedeira, talvez, em função do despreparo que é se sentir encorajado a cometer uma atitude com risco de decepção. E isso se cumpriu, sem pensar em nada, com uma determinação dosada de apreensão, peguei o celular, já contrariado e abri a caixa de mensagens com um forte pressentimento de que, de fato, tinha pelo naquele ovo. Tive que olhar duas, três vezes pra acreditar. O que eu vi ali não vou reproduzir aqui para não comprometer a identidade de ninguém (inclusive a minha) mas o que eu posso garantir é que foi algo insinuante o suficiente pra que me causasse a convicção instantânea de que eu estava sendo traído. Até porque a mensagem fora enviada para uma pessoa que ela nunca havia mencionado o nome na minha presença. Liguei para ela, tentei ser natural e firmei a fala para que uma suposta alteração de humor transparecida na voz não viesse a  despertar a desconfiança dela de forma que ela pudesse ter tempo de formular uma desculpa convincente durante o caminho da casa dela até a minha. Não que eu fosse me deixar levar por alguma desculpa, mas eu queria desarma-la. Pedi que ela viesse buscar o celular, por gentileza, é claro. Quando ela chegou, com aquele sorriso quase indesmanchavel, joguei o celular dela no banco do carro e disse, confesso, tentando intimida-la: "Que porra é essa ai?" Dei esse direito de se explicar por pura ética. Já sabia que ela não encontraria palavras que justificasse o injustificável. Poderia muito bem ter dito que uma amiga usou seu celular para mandar mensagem para o namorado mas dois fatores conspiravam contra isso: primeiro, ela é amadora, o numero estava na agenda do celular seguido de nome. Segundo, desarmei-a.
      Ela então, não conseguiu conter o desespero e a surpresa na voz trêmula e no gaguejo ao dizer que o rapaz era primo dela (olha que anta, rs), deu explicações desconexas, pediu mil desculpas pela falta de noção, jurou de pé junto que não havia segundas intenções ali e o desfecho disso, obviamente, foi o término do namoro. Passada duas semanas ela começou a namorar o cara.  Foi estranho, não chorei, não fui dominado pela nostalgia pós namoro e minha vida seguiu normalmente. É claro que existia aquele lamento, aquele sentimento pesaroso, mas acho que quando a gente termina de cabeça erguida, sabendo que conduziu o namoro sempre de maneira digna, errando dentro das condições de ser humano, isto é, sem agir de má fé, a tristeza não consome o nosso ânimo e só acaba sobrando a decepção que passa a servir como experiência e não como angústia.

Resultado: Ela passou de uma pessoa extremamente tranquila, sistemática e conservadora à uma tola imatura e desesperada em uma atitude.

Usei essa historinha pessoal pra ilustrar o clichê que introduz o post. TODAS as pessoas do mundo, sem exceção, estão suscetíveis a serem enganadas, não existe anjo. E uma das peripécias do amor é fazer com que esqueçamos disso. Essa ideia de que "o que os olhos não veem o coração não sente" não é bem digerida por mim. Não me dou bem com conformismo e o que estiver dentro do meu alcance e compatível com os limites da lucidez, eu irei fazer pra que eu nunca esteja vulnerável a tal situação de novo. Se eu não tivesse olhado eu nunca teria descoberto a perfídia, mas a questão não é essa. O que importa pra mim, é ter de volta o respeito que eu exerço por uma questão de justiça moral. Ninguém é obrigado a ficar comigo, com você, com ninguém. Por isso, enquanto houver compromisso, a reciprocidade principalmente se tratando de respeito, é indispensável. E por garantia eu vou me certificar de que a minha dedicação amorosa à outrem esteja sendo devidamente correspondida sempre que eu tiver oportunidade.

Atenciosamente, Oráculo.

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Continue se manifestando, a sua opinião, contra-argumentação e comentário são sempre muito bem vistos por aqui. E não se esqueça de escrever para terapiadooraculo@gmail.com




sábado, 10 de março de 2012

Quebrando tabus - 1° ato


1- Quem não dá assistência perde pra concorrência.

Esse é um dos maiores clichês da face da terra.

Incrível como uma frasezinha formada influência tantas pessoas assim. Essa em especial vem me chamando a atenção, é uma frase antiga mas que nunca perde seu espaço nas redes de relacionamento da internet e nas conversas em mesas de bar. Esses clichêzinhos já viraram dica de vida de muitas pessoas. Usa-las para cutucar o namorado no facebook então, nem se fala.

Quando leio uma frase que não conheço, procuro pensar na essência dela, se o que ela está propondo é algo que faz sentido e se a frase não é tendenciosa ou preconceituosa. Acho que as pessoas deveriam fazer o mesmo pra não acabarem se deixando influenciar por algo tão vago como uma frase.

Vamos sintetizar a frase pra eu chegar aonde eu quero.

"Quem não dá assistência perde pra concorrência."

Ráaaaa, olha só! Somos robôs agora! Fico pensando, uma pessoa que concorda com isso, acha que é quem pra ser merecedora de "assistência" integral? Sentir-se carente é a condição pra "fila andar"? Talvez seja por isso que namorar hoje em dia é tão difícil.

Ai vai um recado pra você discípula do "quem nao dá assistência bla bla bla" .É preciso entender duas coisas.

Primeira: As pessoas têm vida, têm amigos e outros entes queridos além de você. Logo, nossa atenção não é centralizada em uma só pessoa. Temos que dar atenção pra pai, mãe, parentes e amigos além de você. E a verdade dói mas é sempre mais honesta: Você não é mais importante que nenhuma das pessoas citadas. Exclusividade é uma virtude, não uma obrigação. Namorado ou namorada são tão importantes quanto um amigo. A diferença é que o amigo não te abandona se você, por algum motivo, deixa de dar atenção a ele por um tempo. (Sem generalizar, é claro)

Segunda: Além de dividir atenção, temos de dividir nosso tempo. As pessoas trabalham, estudam, enfim... Ás vezes a vida do cara entra em um período tão turbulento que ele acaba tendo tempo só pra ele mesmo. É aquela fase transitória que o cara some pra crescer na vida e credibilizar o currículo pra depois viver sem transtornos. Ou simplesmente o serviço está na velocidade da luz, hora extra, plantões, a faculdade começa a sufocar... E aí, claro, a atenção que ele tinha pra gastar com você, naturalmente, diminui. E você, o que faz? ao invés de ser compreensiva ou chamar o cara pra uma conversa e falar o que ta sentindo pra esclarecer tudo, troca o cara pelo primeiro bobão que te enche de mimos.

Entenda, não é o cara que mudou, é a vida, a situação dele que mudou.

Mulher trai por dois motivos: Vingança ou falta de atenção. Isso tem que mudar. Cada caso é um caso, mas o que eu quero dizer é:

Imagina se fossemos levar essa frase ao pé da letra? Imagina se fossemos trocar a pessoa que amamos porque ele deixou de te dar algo que você sempre valorizou? Procuraríamos sexo na rua quando ela deixar faltar sexo em casa,  procuraríamos uma pessoa mais compreensiva na rua quando ela falar pra gente parar de fumar, parar de beber, parar de jogar bola e procuraríamos uma pessoa mais calma na rua quando ela, por motivo de TPM maior, ficar grossa.

É assim que vai ser? Preencheremos na rua todo vazio que foi deixado em casa? O ser humano não é regular, ele acomoda, o humor dele muda, a disposição dele varia e isso acontece sem que ele perceba. E se percebe, não tem controle sobre isso pois é algo instintivo, é da natureza humana.

Portanto é hora de se desapegar dessa filosofia extremista e ignorante de uma vez por todas.

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segunda-feira, 5 de março de 2012

Como ser uma mulher ridícula - 3° ato



3 - Mulher sem amor próprio

O Oráculo assegura pra vocês: Amor próprio é um dos alicerces para um relacionamento "bem sucedido", seja esse relacionamento amoroso ou apenas um relacionamento interpessoal. 

O QUE É AMOR PRÓPRIO AFINAL? 
Amor próprio é o ponto de equilíbrio entre o narcisismo e a mediocridade. Grosso modo, amor-próprio demais é egoísmo e a falta dele é abnegação deturpada e doentia. 

AMOR PRÓPRIO É DE FUNDO RACIONAL.
Ele é modelado por influências externas. Muitas vezes é necessário passar por árduas experiências e episódios de humilhações gratuitas pra que entendamos nosso verdadeiro valor.

Metaforicamente, Uma nota de 100 amassada e pisoteada continua sendo uma nota de 100. 

AMOR PRÓPRIO NÃO É SENTIMENTO, É DISCERNIMENTO!  
É saber quando ceder a uma imposição ou quando engolir um desaforo
É saber a diferença entre pedir e suplicar
É saber respeitar somente quando é respeitado
É se bastar

Tem gente que adota o sacrifício para o bem estar de outra pessoa como um estilo de vida e está sempre renunciando à imposições de outrem. Primeiro vem a gente, depois vem os outros. Se não está bom pra você então não tem que estar bom para mais ninguém. Manobre suas atitudes sempre em favor da sua felicidade. Você é dona do seu corpo, da sua vida e do seu direito de ir e vir. Ninguém tem autoridade moral pra tirar o que lhe pertence, você é quem permite isso. E é isso que a torna uma mulher ridícula. Porque? Porque a mulher sem amor próprio depende do apreço de outra pessoa, ela é incapaz de conviver com a solidão amorosa e com o desprezo. Sozinha ela se sente incompleta e é esse o pecado dela. Ela acaba agindo da maneira que não gostaria porque é movida pelo medo do abandono.

Por isso esse tipo de mulher sofre tanto. É claro que o cara percebe essa insegurança e usa isso contra ela. É bem mais fácil se impor, controlar e humilhar uma pessoa que leva desaforo pra casa, não é?

EU SOU MAIS EU, AZAR DE QUEM ME PERDEU.
Siga essa linha de pensamento.

Pra não cair nessa angustia de ser uma mulher que não se ama, ou você cria coragem pra dar um basta nisso e enfrentar o desprezo, solidão, indiferença ou qualquer outro mal que te aflige ou você aprende a se amar por mal, que é se humilhando e sendo humilhada até ser acordada por um choque de realidade que te revele a insignificância da pessoa com quem você está lidando. Assim, quem sabe você não se sinta superior diante da podridão alheia? Eu sei que o coração vai apertar mas deixa o cérebro agir. Dessa forma você vai entender que antes de criar laços sólidos com alguém, primeiramente é necessário não precisar da pessoa, passar a enxergar ela como um complemento saudável na sua vida e não como o personagem principal e essencial dela. Depois disso, não precisará de mais ninguém para te completar pois você já será uma pessoa completa e não estará suscetível a ser sacaneada de novo.

Resumindo, não ter amor próprio é natural, todos temos fraquezas. O que complica é quando o problema deixa de ser o amor próprio e passa a ser a sua inércia, conformismo e falta de coragem pra reagir diante dessa situação. Em suma, o problema não é o problema, é a sua atitude em relação ao problema.

Atenciosamente, Oráculo.

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