Prosa poética - A superestima do amor

Hora de começar dar cara ao Blog!

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Qual o escopo do amor? 

É muita pretensão cogitar que seja apenas um pretexto vertiginoso para a procriação humana

É muita pretensão cogitar que seja apenas um sentimento mórbido cujo os intensos lampejos de encanto e adoração justifiquem os desprazeres de amar. Mas, justifica?

lágrimas que derramei

amigos que afastei

encontros que eu adiei

amizades que deixei de fazer

lábios que deixei de beijar

sonhos que desisti 

deixei de ser, hesitei falar e temi fazer

fiz o que não queria, o que não devia e o que não podia

perdoei sem querer perdoar e não esqueci o que queria esquecer

digeri desveros e suportei perfídias

descobri o ódio, a cólera, raiva, martírios, decepções e rancores

ensimesmei 

dediquei tempo, inspiração, agrados e afagos

fui amigo de Deus e do Diabo.

Justifica?

E para não soar um tanto egoísta, sou a principal testemunha da situação inversa, o personagem primário de toda essa recíproca.

Fizeram acreditar que uma pessoa deveria se sobressair perante as outras, que o amor tem maior estima que a amizade e que sacrifícios inconcebíveis são aceitáveis se feitos para se adaptar ou saciar outrem. 

Mentiram.

Não que o amor seja inútil e desprezível, mas para que o amor seja digno e compensativo é preciso, sobretudo, manter sempre em mente que a vida é rápida e irregressível. Portanto, ponderar todo e qualquer sacrifício é uma obrigação racional e um investimento a longo praso.

Atenciosamente, Oráculo.

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